Biografia de Cristina Torres

1891 - 1975

  

Cristina Torres dos Santos nasceu na Figueira da Foz, a 21 de março de 1891, e faleceu a 1 de abril de 1975. Educadora e pedagoga, nos seus tempos de juventude, foi um dos rostos do republicanismo na cidade da Figueira da Foz. O seu exemplo constitui um testemunho significativo da construção da cidadania feminina num período singular da história de Portugal - a I República -, ao pretender superar a realidade da discriminação laboral, política e cultural femininas.

Professora, conferencista, articulista, escritora e democrata na defesa de valores que deram corpo à experiência da Primeira Republica Portuguesa, e, posteriormente, na luta contra a ditadura salazarista, Cristina Torres foi prestigiada local e nacionalmente, reconhecidamente homenageada pela população da Figueira, na manifestação do 1º de Maio de 1974.

A sua imagem de inconformismo e resistência começou a delinear-se quando, aos treze de idade, por dificuldades de vária ordem, se viu forçada a abandonar os estudos e a iniciar atividade como costureira. Cristina Torres não desanimou e passou a frequentar a escola comercial em regime noturno, começando também, por essa altura, a colaborar nos jornais “República”, “A Redenção” e a “Voz da Justiça”.

Já com vinte anos, foi para Coimbra onde, costurando e dobrando papel na imprensa da Universidade, completou o Curso Liceal, Escola normal Primária e o Curso de Histórico-Geográficas da Faculdade de Letras. Porém, vítima de discriminação de sexo, não logrou, de imediato, obter colocação como professora do Ensino Secundário. Para sobreviver, trabalhou como costureira e como professora das escolas móveis, onde ministrou cursos para adultos e adolescentes.

Chegou a ser colocada na Escola Comercial da Figueira da Foz, mas a sua luta permanente contra o regime salazarista valer-lhe-ia, em 1932, o desterro para Braga. Aí permaneceu dezassete anos e aí participou ativamente na campanha eleitoral de Norton de Matos, o que lhe custaria a passagem compulsiva à reforma em 1949, sem direito a inquérito.

Regressada à Figueira da Foz, dedicou-se a dar aulas particulares, nunca deixando de participar na vida social e cultural desta cidade e do país.

A morte veio surpreendê-la a 1 de abril de 1975, quando contava oitenta e quatro anos de idade. Do discurso fúnebre, então proferido por Vasco da Gama Fernandes, destacam-se as seguintes palavras: "A Figueira da Foz tem tido grandes vultos de renome nacional e internacional em muitos campos, mas nenhum, certamente, marcou sucessivamente tantas gerações de jovens (...) no espírito de diálogo (...), no espírito de aceitação de ideias de liberdade (...), no espírito de compreensão (...), no espírito da humanidade..."

A Patrona

No centenário de Cristina Torres, 1991, a Escola Secundária com 3º Ciclo do Ensino Básico passou a ser a escola de Cristina Torres.

O AEFN possui um Centro Documental Cristina Torres, que surgiu no âmbito das comemorações dos 25 anos da escola sede. Associou-se essa efeméride ao orgulho que a nossa comunidade sente pela personalidade que é representada pela patrona Cristina Torres. O sentir que o Agrupamento possui uma identidade própria, um modo democrático de pensar e sentir a educação, na senda do trabalho pedagógico de Cristina Torres, tem-nos ancorado na nossa prática, ao longo destes anos. Para homenagear e manter viva a memória da sua patrona, o Agrupamento de Escolas Figueira Norte promove anualmente o Prémio Literário Cristina Torres que dá voz à criatividade dos jovens estudantes do concelho da Figueira da Foz, incentivando-os e motivando-os para a leitura, para a escrita, ou para outra forma de expressão artística. Faz também parte do património da escola o Hino a Cristina Torres.

Anualmente, a 24 de novembro, a escola celebra e homenageia Cristina Torres.

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