Patrona

Cristina Torres foi uma figura Figueirense, prestigiada local e nacionalmente.

Professora, Conferencista, Articulista, Escritora e Democrata na defesa de valores que deram corpo à experiência da Primeira Republica Portuguesa, e, posteriormente, na luta contra a ditadura salazarista.

Homenageada pela população da Figueira, na manifestação do 1º de Maio de 1974.

A sua imagem de inconformismo e resistência começou a delinear-se quando, aos treze anos de idade, por dificuldades de vária ordem, se viu forçada a abandonar os estudos e a iniciar actividade como costureira. Cristina Torres não desanimou e passou a frequentar a escola comercial em regime nocturno, começando, também por essa altura, a colaborar nos jornais “República”, “A Redenção” e a “Voz da Justiça”.

Já com vinte anos, foi para Coimbra onde, costurando e dobrando papel na imprensa da Universidade, completou o Curso Liceal, Escola normal Primária e o Curso de Histórico-Geográficas da Faculdade de Letras. Porém, vítima de discriminação de sexo, não logrou, de imediato, obter colocação como professora do Ensino Secundário. Para sobreviver, trabalhou como costureira e como professora das escolas móveis, onde ministrou cursos para adultos e adolescentes.

Mais tarde, chegou a ser colocada na Escola Comercial da Figueira da Foz, mas a sua luta permanente contra o regime salazarista valer-lhe-ia, em 1932, o desterro para Braga. Aí permaneceu dezassete anos e aí participou activamente na campanha eleitoral de Norton de Matos, o que lhe custaria a passagem compulsiva à reforma em 1949, sem direito a inquérito.

Regressada à Figueira da Foz dedicou-se a dar aulas particulares, nunca deixando de participar na vida social e cultural desta cidade e do país.

A morte veio surpreendê-la a 1 de Abril de 1975, quando contava oitenta e quatro anos de idade. Do discurso fúnebre, então proferido por Vasco da Gama Fernandes, destacam-se as seguintes palavras: "A Figueira da Foz tem tido grandes vultos de renome nacional e internacional em muitos campos, mas nenhum, certamente, marcou sucessivamente tantas gerações de jovens (...) no espírito de diálogo (...), no espírito de aceitação de ideias de liberdade (...), no espírito de compreensão (...), no espírito da humanidade..."